Depois do chocolate, os goles de café são a melhor companhia feminina em momentos de ansiedade. Mas a xícara que desperta os sentidos e acalma os humores precisa de consumo mais controlado: um estudo que acaba de ser finalizado pela Escola Médica de Harvard indica que a cafeína afeta a produção de estrogênio e de outros hormônios sexuais femininos, podendo favorecer casos de câncer de mama e nos ovários.
Os especialistas ainda não desvendaram os detalhes da relação entre a substância e o risco de câncer. Mas, conhecendo a influência dos hormônios sexuais na doença, a hipótese é que a variação hormonal causada pela substância acabe aumentando a incidência de câncer quando já existe a propensão.
"Segundo a IFIC (International Food Information Council) -, o ideal é consumir, no máximo, 300mg de cafeína por dia, o que equivale a três xícaras de café", afirma a nutricionista Roseli Rossi, diretora da Clínica Equilíbrio Nutricional.
Para ultrapassar esse limite, sem temer os riscos, ela indica uma consulta com o cardiologista ou, no caso das mulheres, até mesmo com o ginecologista. Para chegar a esta conclusão, os médicos acompanharam 1.200 mulheres, verificando a relação entre o consumo de cafeína e as variações hormonais.
As pacientes ainda preencheram vários questionários, relatando hábitos alimentares e descrevendo o estilo de vida, além de fornecerem amostras sanguíneas para avaliação das dosagens hormonais. Após a análise dos dados, foi confirmado que quanto maior o consumo de cafeína numa mulher em pré-menopausa, menores são os níveis do hormônio estradiol na segunda metade do ciclo menstrual.
Por outro lado, a cafeína dispara a produção de progesterona (outro hormônio sexual). Entre as pacientes que já estavam na menopausa, os resultados foram diferentes: nelas, a cafeína provocou o aumento da globulina (ligada aos hormônios (SHBG)), proteína que controla as quantidades de hormônios naturais que circulam pelo sangue: altos níveis de SHBG, portanto, diminuem o estrogênio e a testosterona disponíveis e também reduziriam os riscos de câncer nas mulheres que já pararam de menstruar.
Mas os especialistas acreditam que ainda é cedo para fazer uma relação mais taxativa entre o câncer e a cafeína. Por ora, eles seguem analisando impacto da cafeína nos índices hormonais uma influência comprovada, mas de consequências ainda pouco conhecidas.
Onde ela está?
Não é somente o café que contém a substância polêmica
Refrigerantes tipo cola - lata (355ml) - 37 a 45 mg de cafeína
Café coado - 1 xícara pequena (50ml) - 39 mg de cafeína
Café coado - 1 xícara grande (240ml) - 186 mg de cafeína
Café instantâneo - 1 xícara pequena (50ml)- 22 mg de cafeína
Café instantâneo - 1 xícara grande (240ml) - 106 mg de cafeína
Chá em saquinho - 1 xícara grande (240ml) - 3,2 mg de cafeína
Leite com achocolatado - 1 copo (240ml) - 5 mg de cafeína
Chocolate ao leite - 30g - 60 mg de cafeína