Vitaminas - automedicação pode ser perigosa

Tomar vitaminas não é um assunto tão simples quanto parece, pois não se trata de entrar na farmácia e comprar uma dúzia de potes cujas etiquetas indicam os benefícios das A,B,C,D,E, e centenas de combinações destas com minerais, que as fazem apropriadas para esta ou aquela carência ou circunstância que o organismo sofra. Antes de empreender esta cruzada, que pode trazer mais danos do que benefícios ao corpo, o melhor é consultar um especialista e seguir as suas indicações.

Angel Gabet é venezuelano e nutricionista, especializado no assunto e idôneo para analisar o tema dos suplementos vitamínicos a partir da visão de uma pessoa que sabe o que diz. Exerce a sua especialidade nas cidades de Puerto la Cruz –estado de Anzoátegui– e Caracas. 

- As pessoas tendem a acreditar que sabem o que estão fazendo quando tomam vitaminas. Isto resulta em visitas a farmácia para comprar o suplemento da moda – "este que me fez tão bem para..." – e acabam com pelo menos dez ou mais frascos, um mais atraente do que o outro, e decidem modificar as suas preferências porque, ao final, são vitaminas, não? As perguntas que surgem são: que vitaminas realmente valem o preço pago na farmácia? É o mesmo para Joana do que para José tomar este ou aquele suplemento? Definitivamente não. 

Multiplicidade de Valores

"Falemos dos complexos multi-vitamínicos: em princípio, e antes de se pensar em dependências de frascos coloridos, as pessoas devem estar conscientes de que o mais saudável para o seu organismo é seguir uma dieta balanceada com todas as necessidades energéticas requeridas para as atividades diárias. Mas se a idéia é escolher um complexo multi-vitamínico, declara Gabet, os estudos têm mostrado que – em casos de mulheres grávidas – o ácido fólico previne defeitos de nascença.

Consumido por qualquer outra pessoa, colabora para a manutenção dos níveis de aminoácidos (freqüentemente associados com enfermidades do coração) no organismo. Se alguém quiser tomar um complexo multi-vitamínimco diariamente, o melhor é que escolha aqueles que ofereçam 100 a 150% dos valores vitamínicos requeridos das vitaminas A a E, incluindo, com certeza, o ácido fólico", explica Gabet.

Ódio ao Leite? 

Para evitar enfermidades como a osteoporose durante a idade adulta (especialmente para as mulheres), as pessoas devem consumir cálcio desde a sua fase infantil. O problema é que nem todo o mundo gosta de leite, e neste grupo se encontram incluídos os que não gostam de seus derivados, como queijos, iogurte, ou manteiga, por exemplo. "Estes são casos, comenta Gabet, nos quais é necessário consumir a vitamina D, a qual ajudará a manter os níveis de cálcio que o esqueleto necessita para se fortificar".

Com o passar dos anos, o corpo humano perde a sua habilidade de criar esta vitamina, processo que ocorre em declive e alcança o seu ponto crítico durante o início da quinta década. A melhor maneira de suprir esta carência é o consumo diário de um suplemento de cálcio, adicionado a 200 IU de vitamina D. 

Resfriados Constantes

Pessoas que vivem espirrando e carregam um lenço na mão por causa de freqüentes resfriados, provavelmente tenham deficiências de vitamina E. Aqueles cujas famílias possuam antecedentes de enfermidades cardíacas, deveriam estar alertas e orientar a sua família para o consumo desta vitamina. Mas qual é a sua forma correta de administração? O especialista responde:

- A recomendação é o consumo diário de 30 IU. Um complexo multi-vitamínico qualquer geralmente não atinge esta quantidade, por isso é necessário tomar uma pastilha de vitamina E adicional para alcançar uma porcentagem maior ao estabelecido. Estudos recentes demonstram que doses entre 300 a 600 IU ao dia reduzem a possibilidade de sofrer ataques do coração.

Não Passe dos Limites

Frutas cítricas, como a laranja, são portadoras de vitamina C, mas se você é uma dessas pessoas que se mantêm afastadas das frutas (erro grave), então você deve pensar em tomar um comprimido diário que contenha esta vitamina. "A recomendação diária é de 60 mg, mas atualmente (após as conclusões derivadas de estudos recentes), foi determinado que o organismo necessita mais do que isso para que se possa reduzir o risco do desenvolvimento do câncer de pulmão, estômago ou cólon. O melhor é consumir 250 mg de vitamina C por dia, não vale a pena tomar mais do que isso porque o resto será evacuado pelo corpo.

Que Fazer dos Minerais?

Vitaminas e minerais caminham de mão dadas. Então é melhor incluir algumas informações ao seu respeito. Segundo o nutricionista consultado, minerais como o selênio, ferro e potássio, são necessários para prevenir algumas enfermidades.

O risco de desenvolver câncer de pulmão, cólon e próstata, se reduz de forma sensível se a pessoa consome ao dia pelo menos 200 microgramas de selênio. Diversos complexos multi-vitamínicos oferecem uma pequena quantidade deste mineral, mas para manter a saúde, é bom adquirir um suplemento adicional sem chegar ao exagero, já que mais de 800 microgramas diários podem gerar náuseas, vômitos, fadiga e queda do cabelo. Quanto ao ferro, geralmente os complexos multi-vitamínicos incluem 18 mg (suficiente) mas, por exemplo, as mulheres grávidas o que estejam amamentando requerem muito mais. No caso do potássio, as pessoas que padecem de pressão alta necessitam de uma maior quantidade de potássio do que o encontrado nos complexos multi-vitamínicos. Neste caso, o ideal é tomar duas pílulas adicionais de 500 mg ao dia.

Antes de se lançar a consumir complexos multi-vitamínicos desvairadamente, o melhor é consultar um médico ou nutricionista especialmente porque as misturas de suplementos ingeridos diariamente que somam mais de 600 IU podem produzir enxaquecas, cálculos renais, calcificação das válvulas cardíacas e fadiga. Em todo o caso, o melhor é não se automedicar.

Fonte: Bibliomed

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