Dieta do cheiro


A dieta da moda permite comer de tudo, desde que a pessoa estimule o olfato para inibir a fome. 


É o que aponta estudo do neurologista e psicanalista norte-americano Alan Hirsch, que há 25 anos analisa como as sensações do olfato e do paladar podem ajudar quem tem problemas para perder peso. 

Na teoria do médico, cheirar alimentos bastante aromáticos antes de começar a refeição estimula a sensação de saciedade antes mesmo de o estômago estar cheio. Com isso, a pessoa acaba comendo menos e, assim, perdendo peso. “Isso acontece porque com determinados odores, principalmente os de alimentos com cheiro gostoso, o cérebro emite uma mensagem dizendo que está satisfeito. 

Ressalto que isso não funciona quando o cheiro não é bom. Os estudos mostram que alguns odores funcionam melhor para essa sensação de saciedade, como o de banana, maçã verde e menta”, afirmou Hirsch.

Ele disse que outro indício de que os cheiros interferem na vontade de comer aparece quando há excesso de determinado aroma. “Quando você vai a uma pizzaria, por exemplo, inicialmente você sente o cheiro bom dos ingredientes no forno, o que estimula o apetite. Mas se você sente esse aroma o dia inteiro, a vontade passa, pois o cérebro emite uma mensagem de saciedade”, completa.

O nutrólogo João César Soares, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), concorda com Hirsch. “Quando um cheiro é sentido em excesso, o cérebro regula a sensação de fome e a pessoa passa a nem notar mais aquele odor, de forma que nem sente mais vontade de comer aquele determinado alimento”, diz.

Hirsch já escreveu inúmeros artigos sobre o tema e é o responsável por uma fundação para pesquisa e tratamento sobre cheiros e paladar. Ele também lançou um livro, o “Sensa Weight-Loss Program, the Accidental Discovery that´s Transforming the Way People Lose Weight” (“Programa de perda de peso Sensa, a descoberta acidental que está transformando a forma como as pessoas perdem peso”, na tradução livre do inglês) que hoje está entre os mais vendidos nos Estados Unidos. Em vários anos de estudo, o médico concluiu também artigos que defendem a influência do olfato na rotina das pessoas. Segundo ele, de acordo com o que se inspira pelo nariz, podem ocorrer alterações de humor, de sono, dos hábitos sexuais e, claro, de peso.

Para Soares, a teoria de relacionar o olfato ao paladar é pertinente, pois ambos os sentidos atingem partes no cérebro próximas ao hipotálamo (região cerebral que liga o sistema nervoso ao sistema endócrino e que sintetiza os hormônios). “Os dois sentidos estão ligados e um influencia no funcionamento do outro. É possível que a sensação de estar sem fome seja influenciada pelo cheiro que a pessoa sente ao se alimentar”, avalia o nutrólogo.

A teoria do poder do cheiro de Hirsch espalhou-se pelos Estados Unidos e há empresas que perceberam no modismo uma boa oportunidade para ganhar dinheiro, mesmo sem relação direta com os estudos do neurologista. A empresa norte-americana Healthwave criou o Aroma Patch, um conjunto de adesivos com cheiro de baunilha para serem colados no corpo.

Alguns minutos antes de comer, a pessoa deve cheirar o adesivo, o que, garante a fabricante, faz com que a fome diminua. Outra empresa, chamada SlimScents, criou uma caneta que exala um odor agradável, que também deve ser usado antes das refeições para inibir o apetite.

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