Quando envelhecemos nosso corpo passa por modificações, a quantidade de líquido extracelular diminui, enquanto a de gordura aumenta bastante. Deste modo as funções de diversos órgãos também se alteram.
Principais alterações que ocorre no organismo ao envelhecermos
- A acidez do estômago torna-se menor.
- O fígado fica mais lento na realização de suas funções, além disso, o uso de diversas medicações ao mesmo tempo dificulta seu correto funcionamento.
- Nos rins há uma perda normal de 1% por ano em suas capacidades após os 50 anos.
- O metabolismo é modificado pode ficar mais lento, as alterações na absorção, metabolização e distribuição e eliminação, influenciam na forma como os mais velhos respondem a um determinado medicamento.
Geralmente a maioria dos medicamentos são testadas em adultos e por isso é preciso alguns cuidados quando se decide começar algum tipo de medicação em pacientes idosos.
Por causa destas modificações no organismo dos idosos tomando alguns cuidados efeitos colaterais desnecessário como quedas, esquecimento, hemorragias digestivas e visitas à emergência podem ser muito reduzido.
Um exemplo é o diazepam, muito utilizado para tratar a insônia em pacientes mais velho, este medicamento possui a característica de se acumular na gordura e, como idoso apresenta muito mais gordura corporal do que um adulto, o tempo que uma dose de diazepam leva para ser totalmente eliminada pode chegar a longas 200 horas. Essa característica lipofílica também faz que seu uso frequente cause um efeito acumulativo, ocasionando diversas reações adversas como tontura, piora na memória e fraqueza muscular, que pode resultar em quedas.
A Sociedade Americana de Geriatria desenvolveu um lista de medicamentos a ser evitada para idosos, chamada de Critérios de Beer’s. Os medicamentos que estão nessa lista devem ser evitados ao máximo, porém em alguns casos o médico pode optar pelo uso temporário até substituir por um mais seguro.
Mesmo que o paciente já utilize o medicamento a mais tempo deve ser levado em conta o envelhecimento, a troca por um mais seguro pode reduzir o risco de quedas, diminuir a sonolência, melhorar a memória e o raciocínio, evitar quedas bruscas na pressão arterial.
O ideal quando um idoso consultar é levar as receitas antigas ao médico, para que quando houver modificação o paciente não misturar os medicamentos atuais com os antigos, pois várias vezes idosos continuam usando os medicamentos da receita nova com os da receita antiga podendo causar uma intoxicação.
Lista alguns medicamentos que devem ser evitados em idosos - (Critérios de Beer’s)
Carisoprodol
O Carisoprodol é uma relaxante muscular encontrado no Beserol, Dorilax, Tandrilax e Mioflex, Torsilax, Trilax, Infralax, sendo muito vendido nas farmácias e até mesmo sem receita médica. Pode provocar sedação, fraqueza, confusão mental.
Fenilbutazona
A Fenilbutazona é um anti-inflamatório encontrado na Butazona. Este medicamento está associado a alto risco de danos na formação de elementos do sangue.
Indometacina
Conhecido como Indocid, usado para tratar inflamações, mas em idosos há risco para alterações no sistema nervoso e danos ao estômago.
Meperidina (Dolantina)
Pode causar ansiedade, tremor, espasmos musculares, crises convulsivas e confusão mental.
Orfenadrina
Relaxantes musculares encontrados no Dorflex, Nevralgex, Sedalex.
A Orfenadrina é pouco tolerada por idosos, pois podem causar hipotensão ortostática depressão no sistema nervoso e piora no raciocínio.
Amitriptilina
Antidepressivo muito utilizado, e requer muito cuidado quando usado por paciente idoso, pois inibe uma substância chamada acetilcolina, causando piora na memória e raciocínio, constipação, dificuldade para urinar, confusão mental, glaucoma e boca seca. Também pode causar hipotensão ortostática, quedas e arritmias cardíacas.
Fluoxetina
A fluoxetina conhecida como a pilula da felicidade, deve ser usado como cautela em paciente mais velho, pois demora para ser eliminada do organismo do idosos, com risco de estimulação excessiva do sistema nervoso, agitação, diminuição no apetite, perda de peso e insônia.
Metildopa (Aldomet)
Este medicamento anti-hipertensivo, em idosos, pode provocar diminuição nos batimentos cardíacos, hipotensão, hepatite e agravamento na depressão no idoso.
Nifedipina de curta duração (Adalat)
Diminui a pressão arterial em excesso, com aumento da freqüência cardíaca. Aumenta a mortalidade cardiovascular quando o paciente tem insuficiência cardíaca ou cardiopatia isquêmica. Pode causar constipação intestinal.
Amiodarona (Ancoron)
Medicamento usado para controlar os batimentos cardíacos, em idosos pode causar arritmias graves e distúrbios na tireóide.
Medicamentos anti-histamínicos (antialérgicos), como hidroxizina, prometazina, dexclorfeniramina
Estes medicamentos são muito vendido no inverno para tratamento dos sintomas da gripe e alergias, os principais são Histamin, Polaramine, Cimegripe, Resfenol, Multigrip, Fenergan e outros.
O uso em idosos devem ser evitado pois podem causar diminuição da memória e do raciocínio, confusão mental, quedas e retenção urinária.
Antiespasmódicos: hioscina (Buscopam e Tropinal), beladona (Atroveran), Antipsicóticos (Haldol)
Podem causar distúrbios nos movimentos, como tremores e, também, piora na memória e raciocínio.
Diazepam, Flurazepam, clordiazepóxido, Alprazolam acima de 2mg e lorazepam acima de 3mg
Medicamentos utilizados para tratar a insônia, os mais conhecidos com Valium, Rohydorm, Apraz, Limbritol, Lorax. Estes medicamentos quanto utilizados por idosos podem causar sedação, fraqueza, risco de quedas, confusão mental e dependência.
Biperideno (Akineton)
Podem causar diminuição da memória e do raciocínio, confusão mental, quedas e retenção urinária.
Ticlopidina (Ticlid)
Risco de alterações sanguíneas.
Laxantes estimulantes como o bisacodil
Os laxantes como Lacto-Purga, Bisalax, Dulcolax, estes medicamentos às vezes são utilizados sem indicação profissional, mas em idosos podem causar diarreia e piorar a constipação, desregulam o intestino.
Digoxina acima de 0,125 mg/dia
A digoxina é um medicamento que quando utilizado por idoso é preciso muita cautela, pode causar perda do apetite, náuseas, cansaço, confusão mental, quedas e arritmias cardíacas.
Clorpropamida (Diabinese)
Demora muito para ser eliminada (mais de 3 dias), aumentando o risco de baixar demais os níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia).
Benzodiazepínicos (Clonazapam)
Provocam uma sedação maior durante o dia em idosos e se associam a um número maior de quedas e fraturas ósseas. Para evitar esse risco, deve-se iniciar com doses mais baixas aumentar pouco a pouco a dose até que se atinja o objetivo terapêutico.
Dicas de cuidados especiais que devemos ter com medicações para idosos
Interações medicamentosas
O consumo de medicamentos por esse grupo etário é alto, são remédios para a pressão alta, para o diabetes, para a gota, para a dor lombar, para a insuficiência cardíaca e muitos outros.
É preciso saber de todos os medicamentos em uso pelo paciente, mesmo aqueles de uso esporádico, para evitar qualquer interação medicamentosa perigosa, seja por aumentar ou reduzir a eficácia de alguma substância.
Cuidado com as superdosagens
Como o metabolismo do idoso é diferente, a maioria dos fármacos vai ter sua meia-vida aumentada e, quando usados nas mesmas doses recomendadas para jovens podem acabar provocando efeitos tóxicos.
Efeitos adversos mais frequentes
Idosos são mais susceptíveis a desenvolverem efeitos colaterais de medicamentos como a xerostomia, a hipotensão postural, a retenção urinária, as confusões mentais e as alterações de marcha.
Os fármacos mais associados com esses efeitos são os anti-hipertensivos, os antipsicóticos, os sedativos e os antiparkinsonianos.
Sintomas
Os idosos frequentemente apresentam sintomas sistêmicos de doenças localizadas. Uma infecção do trato urinário pode provocar confusão mental, alteração de comportamento, agitação ou sedação, ou seja, tudo menos a clássica dor ao urinar.
Qualquer prescrição ou recomendação de medicamento deve ser feita com muita cautela.
Organização
Por usar muitos medicamentos, os idosos podem esquecer de tomar ou repetir a dose, ainda mais se o idoso tenha algum comprometimento cognitivo, visual ou motor.
É preciso manter a prescrição sempre organizada para não haver dúvida de qual e quantos comprimidos devem ser tomados em cada horário.
Em caso de qualquer dúvida ou qualquer sintoma, sugira ao idoso que ele procure orientação médica e evite ao máximo a auto prescrição.